Por Clóvis de Almeida
Dia desses, li que um vereador em determinado lugar, apresentou uma indicação na Câmara Municipal sugerindo a colocação de placas indicativas e educativas com as frases “Proibido jogar lixo, ou, Não jogue lixo”, em pontos estratégicos da cidade, bem como, a aplicação de multa aos infratores. É incrível, como, nos dias de hoje, ainda é preciso lembrar às pessoas que elas não devem fazer coisas óbvias, consideradas erradas em qualquer lugar, a começar pelo quintal de casa. Não é comum cuspir na cozinha ou no chão da sala, assim como não é normal jogar papel de sorvete ou sacola de mercado no portão de casa.
Então, porque é que as pessoas jogam todo tipo de lixo nas praças ou em terrenos baldios, quando poderiam procurar uma lixeira ou local mais adequado? Se o cidadão é o primeiro responsável pelo bem público, deveria ser o primeiro a se preocupar com o bem de todos, a começar por não poluir. Mas, infelizmente, não é assim que funciona. Todo mundo, pelo menos alguma vez, já jogou lixo onde não devia. E isso é independente de quem somos, pois, pessoas de todos os perfis fazem isso. Seja de baixa renda, alta renda, brancos, negros, índios, amarelos, executivos, cozinheiros, agricultor, médico, pateta, inteligente, mediano, ignorante, doutor, idosos, ou crianças. A desculpa de que não havia lata de lixo por perto ou local adequado não serve para jogar lixo em qualquer lugar, como se isso fosse normal. Esse tipo de ação chama-se “falta de consciência”, mais conhecida como “falta de educação”. Alguém poderia dizer que é uma questão de cultura, quando na verdade é a ausência dela.
Não deixa de ser importante a indicação do vereador, mas, o aviso, ou pedido, de “não jogar lixo”, por mais visível que esteja, será apenas mais uma placa, em razão da consciência atual. É necessária uma contextualização social, histórica, política e cultural deste problema, envolvendo os sujeitos envolvidos, para que estes atuem como cidadãos e, a partir daí sim não jogarem lixo no chão, ou em local proibido. A ideia da multa é ótima, porém, quem vai multar?
O brasileiro, pelo menos a maioria, tem no inconsciente que, pisar na grama para cortar um caminho, só uma vez, justifica desobedecer a placa que indica “proibido pisar na grama”. Da mesma forma, “não jogue lixo” é só uma placa para um papelzinho de bala ou para uma “simples” carriola de entulho no terreno ao lado.
Isso tudo começa na infância, como ficou claro num exemplo recente, onde uma jovem mãe deu água ao filho, bebeu o restante e atirou a garrafa pet no gramado da praça, quando poderia colocar no carrinho da criança até encontrar uma lixeira. Essa é a “cultura” que ela carrega e retransmite à sua geração. Perto dela, uma placa dizia “jogue lixo no lixo”.
Se com placa não há consciência, imagine sem placa. Por isso, parabéns ao vereador e, vivam as placas!